Alvo de piadas e personagens cômicos célebres, a gagueira é tratada na medicina como disfemia. Ela faz com que o indivíduo repita sílabas ou faça longas pausas ao pronunciar palavras. Mas raramente isso acontece quando um gago canta. Isso porque nosso cérebro processa a fala e o canto de formas diferentes.
Segundo a fonoaudióloga da Faculdade de Medicina da USP, Cláudia Furquim Andrade, o ser humano tem uma neurofisiologia que é adptada para processar a fala em uma seqüência temporal. A gagueira afeta essa habilidade de fazer a sequencialização do som e da fala, ou seja, prejudica o processamento de segmentação temporal no cérebro.
Segundo ela, o problema só aparece quando a fala é auto-expressiva. "No caso da música, quando você canta não está em fala auto-expressiva, porque a música dita o ritmo e a letra já existe. A única coisa que o gago faz é intepretar o que já está pronto, e não processar a fala", explicou.
Para a médica, a pessoa com gagueira junta pensamento, linguagem e emoção, atrapalhando o processamento de fala do cérebro. A patologia pode ser herdada em uma tendência hereditária, mas existe um pequeno percentual de gagueira que pode ser adquirida através da vida por causa de problemas psicológicos com o indivíduo.
A fonoaudióloga informou que existem diferentes abordagens terapêuticas para tratar o problema, mas as principais delas são os tratamentos que modificam a gagueira e os que promovem a fluência.
Dar sustos em um gago como remédio para obter a cura, como acontece em filmes em desenhos, não funciona nem um pouco e as vezes pode até piorar a situação da pessoa. "Isso é pura lenda, além de já ter problemas na estrutura neural, o invidíduo ainda pode se transformar em uma pessoa assustada e medrosa no dia-a-dia".
"Como o problema está mais ligado à ansiedade do que ao nervosismo, o gago tem maiores dificuldades para falar nos momentos em que está mais feliz!", completou.
Entre alguns gagos famosos podemos citar o Rei Jorge VI, da Grã-Bretanha, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill, o filósofo grego Aristóteles, o cientista inglês Charles Darwin, a atriz Marylin Monroe, o imperador francês Napoleão Bonaparte, o físico e matemático inglês Isaac Newton. Os brasileiros Machado de Assis (escritor) e Nelson Gonçalves (cantor) também tinham problemas de disfemia.
segunda-feira, 17 de março de 2008
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