É a sua primeira casa e você quer tudo lindo como nas revistas. Ou fez aquela reforma tão sonhada e sabe exatamente o que vai colocar em cada ambiente. Então, escolhe, compra, espera ansiosamente a data de entrega e, quando recebe a nova aquisição, ela não funciona – é grande ou pequena demais ou desconfortável e pouco prática. Que atire a primeira fita métrica quem nunca pagou mico por comprar por impulso! Aqui, alguns acidentes de percurso que acontecem nas melhores famílias e o que você deve saber para escapar deles.
1. O sofá que não passa na porta
Não foi fácil encontrar o modelo de três lugares que combinasse com o orçamento e a decoração da sala, mas, quando viu aquele sofá no site da loja, teve a certeza de que era ele. Primeiro apartamento próprio, primeira vez que morava sozinha, a professora de educação física carioca Andréa Mendes queria que tudo ficasse perfeito. Então, ligou para um amigo arquiteto e pediu que olhasse a peça na internet. Precisava de um aval. Tudo certo, sua escolha foi aprovada, a compra feita, era só esperar chegar. O que Andréa não sabia é que, além de medir o espaço dentro de casa, deveria ter checado o tamanho das portas, o vão da escada, os elevadores do prédio e a área para manobrar o móvel. Resultado: o sofá não passou da portaria. “Foi uma decepção tão grande! Içar o móvel pela janela até o décimo andar ficaria caríssimo. Resolvi devolver o sofá e fui atrás de uma opção menor”, conta.
2. O estofado que não cabe no espaço
A decoradora Lia Straus conta que, mesmo prestando atenção nos mínimos detalhes, já pagou um mico parecido com o de Andréa. “Comprei um sofá que é uma verdadeira joia do design, o Maralunga, de Vico Magistretti. A intenção era colocá-lo entre duas estantes”, conta. “Imaginava que sofás de dois lugares tivessem um tamanho-padrão, então não me preocupei em medi-lo. Só que não existe medida-padrão e ele não coube. Fiquei arrasada. Acabei vendendo para uma cliente, morrendo de pena de não poder ficar com ele.”
3. Quando o assento é baixo demais
Uma lembrança viva na memória do designer de interiores Roberto Negrete é o sofá da sala de estar de sua infância. “Era desses modelos italianos tão baixos que, toda vez que minha avó vinha nos visitar, eu tinha de levantá-la na hora de ir embora”, conta. “Esse tipo de móvel tem uma estética muito elegante para casas de jovens, em que prevalece o design e não o conforto”, opina Lia Straus. “Mas para os mais velhos é terrível.” Já Negrete vai além. Acha que os móveis devem se ajustar às nossas proporções físicas (tamanho e peso) em qualquer idade. “É fundamental ser confortável”, diz.
4. O puxador que agarra na roupa
Lia Straus chama a atenção para um item perigoso da casa: os puxadores. Nada mais irritante do que ser puxado pela manga ou ter sua malha destruída pela porta do armário. “Pode apostar, em passagens mais ou menos estreitas, puxadores com ponta agarram a roupa de quem passa”, garante a decoradora, que tem conhecimento de causa. “Sou vítima deles na casa de minha mãe. E olha que fui eu que escolhi o modelo”, confessa. Alguns puxadores de quinas afiadas e acabamentos mais ásperos podem até ferir braços e pernas descobertos.
5. Mesa mineira x cadeira de design
Nascida em Belo Horizonte e radicada em São Paulo, a jornalista Silvia Gomez, editora de CASA CLAUDIA, queria uma mesa mineira para sua sala de jantar. Mandou fazer a peça, comprou moderníssimas cadeiras DAR, de Charles Eames, e até preparou um jantar especial para comemorar com o marido a nova decoração. Só então constatou o desastre. As cadeiras ficaram baixas e desconfortáveis. “Esqueci que as mesas mineiras são mais altas”, conta, ainda inconformada. “E, como elas têm aquela saia característica, que embute as gavetas, não posso diminuir a altura dos pés.” A solução é comprar novas cadeiras com direito a fazer um test drive.
6. A mesa de centro muito baixa
A mesa de centro é uma invenção americana dos anos 1950, conta Roberto Negrete. “A coffee table é uma mesa para apoiar a xícara de café. Se ela ficar muito abaixo da altura do acento do sofá, a pessoa terá que se curvar muito para colocar um copo ou pegar alguma coisa.” A professora de francês Lenira Notte se confessa mais uma vítima do móvel baixinho. “Eu não imaginava que uma mesa baixa fosse tão desconfortável. Por outro lado, achei o design tão bonito que mudei o conceito da sala. Dei destaque à mesa de centro como se fosse uma obra de arte e caprichei nas mesas laterais para ter bons apoios”, conta.
7. O tapete da sala de jantar ficou pequeno
Outro perigo é errar no tamanho do tapete da sala de jantar. A produtora de eventos Marina Moreira que o diga. Durante um ano, ela lutou com um. “Quando a gente puxava a cadeira, o tapete prendia e vinha junto. E ainda ficava com a borda arrebitada. Enfim, um horror!”, afirma, aliviada de ter finalmente se livrado da peça. “Antes de escolher o tapete, é preciso medir o movimento da cadeira para a frente e para trás”, ensina a decoradora Lia Straus. “E ainda considerar uma folga de mais 15 cm para não correr nenhum risco”, arremata.
8. Arandelas que não iluminam
Aline Murguel enfrentou seis meses de reforma para fazer um banheiro de estrela de cinema. Um belo dia, viu um par de arandelas art déco em um antiquário e não resistiu. “Gastei uma nota e estava me achando o máximo por colocar peças antigas no meu banheiro supermoderno.” Só que ela não pensou na funcionalidade. As arandelas são lindas – ela continua achando –, mas não iluminam. “Tive que embutir uma luminária no teto para poder me maquiar e deixei-as como enfeite.”
9. E a lareira nova funciona?
Parecia filme do tipo pastelão. Terminada a reforma da casa, a advogada Laura Fonseca resolveu comemorar com uma festa. Encheu a casa de flores, contratou bufê e abriu as portas para receber os amigos. Tudo corria às mil maravilhas até que seu marido resolveu inaugurar a lareira para o cafezinho. E foi um deus-nos-acuda. A fumaça, em vez de sair pela chaminé, entrou dentro de casa. No meio da confusão, a parede recém-pintada ficou imunda. Para evitar um vexame como esse, recomenda-se testar a lareira antes de o ambiente estar finalizado.
10. Escolher, escolher e errar na cor
Para finalizar, vou contar um mico que já aconteceu comigo e com boa parte das pessoas que conheço. Fiquei horas, dias, semanas mergulhada no catálogo de tinta em busca do verde perfeito para meu quarto até encontrar o tom que queria. Coloquei-o perto da parede para ver se combinava e amei o resultado. Então comprei a tinta e mandei pintar. Saí feliz para trabalhar, porém, quando voltei... queria matar o pintor. Meu quarto parecia uma alface gigante. Nada a ver com a cor que vi na cartela. Mas valeu, pois aprendi que catálogo de tinta sempre engana. Antes de nos decidirmos por uma cor, devemos selecionar pelo menos três tons semelhantes, pintar quadrados de cerca de 1 x 1 m na parede perto da janela e conviver com eles por ao menos dois dias, até ter certeza. Fazer o teste é a única maneira de evitar surpresas.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
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